Vejo muita gente alheia a dor outro. Encontro muita gente estéril de sentir. É muita gente se importando com o mundo de dentro e nem aí para o mundo que gira fora de si. É difícil encontrar quem se doa de coração ao próximo. É raro encontrar quem realmente se importa e queira o bem. Isso me assusta, e me machuca na mesma proporção.
Estou me afastando, não apenas de uma pessoa, mas do mundo em geral. Preciso ter cautela. O meu sentir demasiado está me esmagando. As decepções me abriram os olhos e o convívio ponderou meu coração. Agora estou buscando me equilibrar. Meu limite chegou e agora estou em estado de alerta. Meu coração não quer mais sangrar e por isso ele ativou seu mecanismo de defesa. Estou tentando recompor os meus pedaços que cairam por aí. Acho que os perdi no caminho do amor.
Esqueci meus pedaços dentro de quem amei, de quem cuidei, de quem me importei e de quem sempre quis bem. Eu sempre dei tudo de mim e em troca, nada recebi.
Não, meu amor não é um amor de trocas. Eu amo sem medir. Eu amo sem pensar. Eu não vendo o meu amor. Das tantas dúvidas que eu tenho sobre o amor, ainda tenho uma certeza: o amor não é corruptível (o meu, pelo menos não é).
Ainda assim, não deixam de me machucar e mesmo doendo, não aprendi a dasamar. Deixar de amar alguém é uma das coisas mais difíceis pra mim. Sentimentos não são como os membros do corpo que o cérebro comanda. Eu entendi isso tardiamente. Mas não importa! Já vesti minha armadura. Já deixei um pé atrás. Confio desconfiando e mesmo assim tenho grandes chances de me decepcionar. Esse é o risco que quem se propõe a amar tem que correr, não é mesmo?
Meu sentir demasiado não tem cura. Sinto muito por sentir muito. Sinto muito por sentir. Sinto muito.
Alessandra Rocha