quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Ser de verdade, sentir de verdade

Acho que o meu erro é sentir demais, amar demais e demonstrar mais ainda.
Desculpe-me a falta de modéstia, mas eu sou verdadeira demais, não sei fingir que não sinto o que eu sinto.
As pessoas me machucam exatamente por causa disso. Demonstro tudo o que eu sinto fácil demais e isso me deixa vulnerável. E se o preço que se paga por ser tão verdadeira assim é sofrer, sinto dizer que sofrerei durante toda a minha estadia nesse mundo.

“Talvez devêssemos expor sentimentos em uma vitrine. Assim, ficariam protegidos.”
(Daniela Lusa)

A verdade é que expor os sentimentos virou coisa de gente corajosa!

“Sei que me exponho demais, deixo muito à mostra tudo o que sinto. Mas não sei ser diferente.”
(Daniela Lusa)

Deixar a mostra o que se sente é um perigo incalculável. Mas não dá pra ser diferente. Ser transparente em demasia é uma qualidade e uma maldição. Fica tudo escancarado (até mesmo o que não queremos). O que não sai da boca, transparece no olhar, se expõe através de gestos e ações (ou na falta delas). 

“Há vezes em que tantas qualidades são vistas como defeito por quem não sabe lidar com elas.”
(Daniela Lusa)

Transparência e verdade assustam muito esse mundo de gente superficial. O que deixamos mostrar, a maioria esconde. Não sei se por medo, egoísmo ou preguiça.
O importante é ser sempre assim e não se deixar mudar por nada, nem ninguém. Quem gosta de nós de verdade, gosta do jeito que somos.   

Pra falar a verdade, é difícil encontrar uma pessoa verdadeira no meio de tantas pessoas de mentira. Eu não sei quem é de mentira, eu sinto. E sinto também quem é muito de verdade.
É preciso reconhecer a sua própria dor no outro e amá-lo por isso. Se identificar com os sentimentos do próximo e querer estar perto. Encontrar quem sente de verdade e guardá-lo a sete chaves.

“Gosto de sentir, mais do que tocar as pessoas.”
(Daniela Lusa)

Tem muita gente que precisa aprender a demonstrar seus sentimentos e sentir com o coração. Para, quem sabe assim, deixar de machucar pessoas dignas de amor.
Sentir demais não é errado. Errado pra mim, é sentir de menos e machucar quem não merece.

P.S: E por falar em demonstrar sentimentos e por saber que sentimos igual, é com esse texto que demonstro o meu amor pela menina Dani Daniela. <3


(Alessandra Rocha)

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Corda Bamba


Estou numa corda. Andando. Pensando. Centrada no meu objetivo, ansiosa por atingir as minhas metas. Essa corda está bamba. Como se um vendaval passasse por mim vez ou outra tentando me derrubar e acabando de vez com os sonhos de duas décadas. Essa corda é firme. As vezes, a brisa acalma o meu nervosismo e a minha ânsia por querer chegar ao fim vitoriosa. Não é fácil andar nessa corda, ela é instável. E eu? Mais ainda! 
Ambas padecemos do mesmo mal: a incerteza sobre o que nos aguarda. Ela pode se romper a qualquer momento e me fazer perder as forças para continuar seguindo em frente. O que me ampara em certos momentos são os alicerces ao lado dela, que chamo aqui de família, amigos e sonhos. Doces sonhos.


Esses alicerces são fortes e brandos. Eles estão dispotos a segurar o meu corpo quando (em questão de segundos) eu me desequilibrar. Os obstáculos, eu devo atravessar sozinha. Caindo, tropeçando, sofrendo, chorando. São esses obstáculos que formarão o que eu serei. São eles que me ensinarão como andar e como me equilibrar em outras caminhadas. Atualmente, furacões e tempestades vindos de todos os lados, ameaçam o meu desempenho na corda. Ela está mais bamba que o normal. Pensei até em desistir. Pensei em parar com tudo. Foi então, que algo muito forte e esquecido no âmago do meu ser se reacendeu, trazendo forças e recursos para eu continuar, mesmo que lentamente. Essa força sublime, chama-se FÉ. É ela que me faz continuar nessa corda, mesmo quando não acredito em nada mais. Mesmo quando todos os vendavais me atormentam e me fazem estremecer.
Para andar nessa corda, é necessário mais que alicerces, é necessário crer que a força divina está guiando o seu caminho, traçando-o de uma maneira essencial. De forma que você cresça e amadureça, entendendo que tudo contribui para o seu crescimento.
Mesmo que doa, mesmo que faça sofrer, tudo passa! O que fica apenas, é o conhecimento. Conhecimento valioso pra continuar seguindo em frente. Por isso continuo andando, tropeçando, caindo e levantando nessa enorme corda bamba que se chama VIDA.


Alessandra Rocha

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Duas crianças e uma bicicleta


Foram cinco minutos. Os cinco minutos mais constrangedores e alegres da minha vida.
Primeiro renunciei, mas logo me rendi ao seu pedido insistente de criança travessa.
Meus cabelos voavam e o vento fazia cócegas em meu rosto sonolento. Ele ria do meu medo e beijava o topo da minha cabeça. Tive vontade de abrir meus braços para contemplar aquela felicidade simples e momentânea, mas não ousei. Pensei que esse gesto faria de um momento alegre, um tombo desastroso.
Embora eu não tivesse aberto os braços, eu sentia a sensação eminente da liberdade em mim. E ele se divertia. Ria da minha insegurança e da vergonha que eu sentia por estar protagonizando aquela cena.
Ele não entendia que o motivo da minha vergonha era a falta de intimidade que eu tinha com a bicicleta. Acho que a última vez que andei em uma bicicleta, eu tinha em torno de dezesseis anos. Já a última vez que fui carregada no "cano" de uma, eu tinha uns dez.
Desaprendi a andar de "bike".Desaprendi, principalmente, como ser carregada por alguém em uma. Depois de onze anos me vi dando gargalhadas e morrendo de medo de uma simples bicicleta. Voltei a ser criança novamente e senti falta da minha tenra infância. 
Eu estava feliz, porque com ele, em questão de segundos, eu viajava entre a mulher e a menina que existia em mim. Só ele fazia isso comigo. Só com ele eu me sentia livre para ser o que eu quisesse. 
Eu sai de mim para admirar o momento. Fiquei de longe, observando encantada, as duas crianças conhecidas, brincando felizes com uma simples bicicleta.


(Alessandra Rocha)