quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Presentes de 2012

 "Nos encontramos nas palavras.
 Você me ajudou a curar as dores com elas."
Daniela Lusa


Aperte o play e sente o drama ;)


 Fim de ano. Melancolia. Saudade. Alívio.
"Ufa, ainda bem que esse ano está acabando!"- dizem em uníssono pelos corredores da vida. E eu estou aqui, agradecendo por mais um ano de aprendizado que a vida me deu. 

Confesso que esse ano de 2012 não foi fácil, pelo contrário, ele foi todo errado, estupidamente torto. As decepções me assombraram nos primeiros dias de janeiro e isso se alastrou durante todo o ano. Acho que esse ano bateu o recorde de dores e chateações. Acho que esse, foi pra mim, o ano da superação. Inacreditavelmente, eu me superei.
Eu caí feio e ralei os joelhos. Quebrei parte do meu coração e parte da minha fé se feriu. A minha fé no ser humano quase dissipou-se. Se não fosse pelos presentes que Deus me enviou como recompensa pela minha perseverança, não saberia se ainda seria capaz de acreditar. Ainda bem que existe o perdão. Ainda bem que existe o recomeço. Ainda bem...
Desatei meu nós pra refazer meus laços. Deixei de criar expectativas por não suportar o peso delas. Aprendi a administrar sentimentos para que meu coração não fosse a falência. E acho que agora, estou aprendendo a viver. Tem uma obra em construção dentro de mim.

Acho que mesmo com toda a dor que esse ano me trouxe, ainda tenho muita coisa a agradecer. 
Agradeço por mais um ano de vida. Agradeço por ter as pessoas que eu amo ao meu lado. Agradeço pelo príncipe imperfeito que Deus me enviou. Agradeço pelas decepções que me fizeram aprender. Agradeço pelos laços de amor que se firmaram no decorrer desse ano. E agradeço principalmente, pelas pessoas que eu ganhei. Elas entraram na minha vida por acaso e permaneceram por obra do destino. Sim, eram a esses presentes que eu me referia acima. Ganhei de Deus, pessoas lindas e verdadeiras, pra cuidar e amar. 
Não ter deixado de acreditar no ser humano, foi um bom negócio, porque essas pessoas me abraçam com palavras e me seguram toda vez que estou caindo. E apesar dos joelhos ralados e do medo de voltar a me machucar, acreditar é o que ainda me mantém de pé. 


Detesto não encontrar palavras certas pra demonstrar o que eu sinto, por isso, deixo aqui o meu muito obrigada a vocês, presentes de 2012:


Eu (es)colhi vocês pra semear amor. 

Feliz 2013!
 Desejo que cada dia desse novo ano, seja uma possibilidade de recomeço.
(Para mim, para vocês e para o mundo!)


(Alessandra Rocha) 

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Saudade que escorre pelos olhos


Estou com sintomas de saudade. Daquele tipo que aperta o coração e escorre pelos olhos. 
Saudade dos domingos ensolarados e dos risos despretensiosos. Dos abraços espontâneos e das palavras de cuidado. Do seu me entender mais do que eu mesma. Da sua mania de dar tapas sempre que eu te irritava um pouquinho. Tenho saudade até do seu jeito meio grossa de responder a uma simples pergunta. Sinto falta da sua risada de "nikito" e do seu jeito todo singular de ser. Tenho saudade de quando um abraço seu me curava e da sua mão que me segurava quando eu caia. 
Tenho saudade de quando eu te colocava em meu colo e dizia que tudo ficaria bem. Sempre ficava, não é mesmo?
Sinto falta de te ouvir gritar, brigar, sorrir, chiar. Tenho saudade das confidências que trocávamos e dos filmes que assistíamos com frequência. Sinto falta de sermos Yin e Yang
Sinto saudade dos nossos dias e do que costumávamos ser. Lembro dos aniversários que eram únicos ao seu lado e das cartas que trocávamos nessas datas especiais. Até isso se perdeu.
Lembra dos vídeos que fazíamos quando o tédio do domingo nos pegava? Eu lembro.
Eu espero que as lembranças que vagam aqui nos meus pensamentos, estejam imortalizadas em seu coração. Porque hoje essa saudade apertou. Doeu. Me sufocou. E tá doendo tanto, que enquanto eu escrevo, as lágrimas não param de cair.
A vida tomou seu rumo e tornou-se impassível de mudanças. Meu desatino é te ter tão perto (no meu coração) e te sentir tão distante do que fomos um dia. Dói!
O que me dói, é saber que você não é a mesma. Sim, eu também não sou. Mas te amo como sempre amei. 
Dói mais ainda, saber que nada mais será como antes. Não seremos mais o que fomos um dia. Tudo que vivemos passou e nunca mais será igual. Nunca mais?   



(Alessandra Rocha)

sábado, 1 de dezembro de 2012

Vago

Devagar vaguei pra longe, divaguei em mim 
A intenção da poesia rimada se foi
Sobrou apenas, os rascunhos do fim.

Frustrei-me ao tentar, 
broxei e quis parar.

Não me fiz entender,
nem parei pra pensar.

Você que me lê não entende, 
tampouco sei me entender.
Eu só queria falar
Eu precisava esquecer.


(Alessandra Rocha)

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Debaixo d'água


Estou em crise. E não se trata de uma simples crise existencial. É uma crise de palavras. Faltam-me palavras pra descrever o que acontece comigo.
Um furacão bagunçou tudo aqui dentro. Estou tentando me reorganizar. Preciso arrumar o caos que ficou dentro de mim.

Interrogo meus sentimentos e eles me exclamam surpresos. Sobram reticências e falta um ponto final.
Apoio a cabeça em meus braços, choro sal, deságuo um mar e não encontro solução. Dissolvo-me na água que escorre dos meus olhos. Estou ausente de mim. Sou toda ausência há quase dois dias. Não me reconheço mais. 
O silêncio encontrou seu refúgio. O silêncio instalou-se em mim. 
Tudo é silêncio. Estou padecendo por não ter o que dizer. 
Padeço de verborragia interna. Machuco-me ao pensar e sofro (in)quieta.
Minha mente dança ao som das palavras que não querem sair. 
Deve ser esse o motivo de tanta dor.    



(Alessandra Rocha)

sábado, 17 de novembro de 2012

CalMa(r)

 "Ela voou para longe e sonhou com o para-para-paraíso"
Coldplay - Paradise



Ela jamais imaginou existir praias sem ondas e foi por esse motivo que ela se apaixonou por São Sebastião (litoral norte de SP). A água era cristalina e ela conseguia ver nitidamente o seus pés tocando o solo. A água era morna e o sol era ameno. As montanhas misteriosas chamavam-na para uma aventura.
Ela se jogou no mar. Mergulhou em si. E em poucos minutos, já tinha se tornado íntima daquele mar tão singular. Não havia ondas, de fato, mas o mar balançava e a embalava docemente com suas ondulações. Ela enchia as mãos de água e jogava delicadamente em seu rosto. Ela sorria e girava lentamente de um lado para o outro dentro da água salgada. Absorta em seus pensamentos, ela dizia: "Foi pra cá que a minha (c)alma voou."  
O vento balançava seus cabelos e com ele, ia também seus pensamentos.
O balançar da água convidou a deitar. Ela deitou. Deitou-se como quem se deita em uma cama. Esticou as pernas, abriu os braços, fechou os olhos e começou a flutuar. Metade da cabeça estava imersa, apenas os olhos, o nariz e a boca estavam para fora do mar.
O mar a embalava e durante alguns minutos ela ficou a sonhar.
Ela se viu distante de tudo aquilo que a pertubava. Ela estava leve. Literalmente leve. O mar mostrava-lhe isso. Ali ela reencontrou a sua paz.
O mar balançava a menina e o vento dirigia seu percurso. Em pouco tempo, se encontrava longe da terra firme. O mar a levou. Levou-a para longe do caos que ela tinha dentro de si.


(Alessandra Rocha)

terça-feira, 23 de outubro de 2012

Querido ser inanimado

Acordei no meio da noite procurando por ele. Eu estava confusa e meio insone. Cocei levemente o olho, olhei para um lado, me virei para o outro e não o encontrei. Lembrei de tudo o que ele significava pra mim. Lembrei de todos os momentos que passamos juntos.
Por vezes, ele foi o responsável pelo sorriso espontâneo em meu rosto. Inúmeras vezes, foi ele que me faz sentir aquele friozinho de ansiedade na barriga. Através dele, me sinto conectada ao mundo exterior. É nele que eu me encontro. E é com ele que me perco. Com ele eu não me sinto tão só.
Lembrei-me de todos os suspiros que eu dei enquanto o jogava na cama. Lembrei de cada palavra dita e de cada palavra que eu ouvi. Lembrei de cada mensagem de amor.
Fiquei presa em minhas lembranças, absorta em meus pensamentos e confusa no escuro do meu quarto.
Me iludi ao pensar que eu sobreviveria sem ele. Pensei que eu fosse capaz de esquecê-lo por um dia.
Me enganei.

Entre tantos devaneios, voltei a procurá-lo ao meu redor. Virei-me novamente na cama e o senti embaixo do meu quadril. Tamanha foi minha felicidade ao encontrar meu celular. Eu sabia que ele estava por ali. Acho que adormeci com ele na mão enquanto esperava uma mensagem. Depois que o encontrei, coloquei-o em seu lugar de costume: ao lado do meu travesseiro. E então, pude voltar a dormir tranquilamente.


(Alessandra Rocha)

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Ser de verdade, sentir de verdade

Acho que o meu erro é sentir demais, amar demais e demonstrar mais ainda.
Desculpe-me a falta de modéstia, mas eu sou verdadeira demais, não sei fingir que não sinto o que eu sinto.
As pessoas me machucam exatamente por causa disso. Demonstro tudo o que eu sinto fácil demais e isso me deixa vulnerável. E se o preço que se paga por ser tão verdadeira assim é sofrer, sinto dizer que sofrerei durante toda a minha estadia nesse mundo.

“Talvez devêssemos expor sentimentos em uma vitrine. Assim, ficariam protegidos.”
(Daniela Lusa)

A verdade é que expor os sentimentos virou coisa de gente corajosa!

“Sei que me exponho demais, deixo muito à mostra tudo o que sinto. Mas não sei ser diferente.”
(Daniela Lusa)

Deixar a mostra o que se sente é um perigo incalculável. Mas não dá pra ser diferente. Ser transparente em demasia é uma qualidade e uma maldição. Fica tudo escancarado (até mesmo o que não queremos). O que não sai da boca, transparece no olhar, se expõe através de gestos e ações (ou na falta delas). 

“Há vezes em que tantas qualidades são vistas como defeito por quem não sabe lidar com elas.”
(Daniela Lusa)

Transparência e verdade assustam muito esse mundo de gente superficial. O que deixamos mostrar, a maioria esconde. Não sei se por medo, egoísmo ou preguiça.
O importante é ser sempre assim e não se deixar mudar por nada, nem ninguém. Quem gosta de nós de verdade, gosta do jeito que somos.   

Pra falar a verdade, é difícil encontrar uma pessoa verdadeira no meio de tantas pessoas de mentira. Eu não sei quem é de mentira, eu sinto. E sinto também quem é muito de verdade.
É preciso reconhecer a sua própria dor no outro e amá-lo por isso. Se identificar com os sentimentos do próximo e querer estar perto. Encontrar quem sente de verdade e guardá-lo a sete chaves.

“Gosto de sentir, mais do que tocar as pessoas.”
(Daniela Lusa)

Tem muita gente que precisa aprender a demonstrar seus sentimentos e sentir com o coração. Para, quem sabe assim, deixar de machucar pessoas dignas de amor.
Sentir demais não é errado. Errado pra mim, é sentir de menos e machucar quem não merece.

P.S: E por falar em demonstrar sentimentos e por saber que sentimos igual, é com esse texto que demonstro o meu amor pela menina Dani Daniela. <3


(Alessandra Rocha)

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Corda Bamba


Estou numa corda. Andando. Pensando. Centrada no meu objetivo, ansiosa por atingir as minhas metas. Essa corda está bamba. Como se um vendaval passasse por mim vez ou outra tentando me derrubar e acabando de vez com os sonhos de duas décadas. Essa corda é firme. As vezes, a brisa acalma o meu nervosismo e a minha ânsia por querer chegar ao fim vitoriosa. Não é fácil andar nessa corda, ela é instável. E eu? Mais ainda! 
Ambas padecemos do mesmo mal: a incerteza sobre o que nos aguarda. Ela pode se romper a qualquer momento e me fazer perder as forças para continuar seguindo em frente. O que me ampara em certos momentos são os alicerces ao lado dela, que chamo aqui de família, amigos e sonhos. Doces sonhos.


Esses alicerces são fortes e brandos. Eles estão dispotos a segurar o meu corpo quando (em questão de segundos) eu me desequilibrar. Os obstáculos, eu devo atravessar sozinha. Caindo, tropeçando, sofrendo, chorando. São esses obstáculos que formarão o que eu serei. São eles que me ensinarão como andar e como me equilibrar em outras caminhadas. Atualmente, furacões e tempestades vindos de todos os lados, ameaçam o meu desempenho na corda. Ela está mais bamba que o normal. Pensei até em desistir. Pensei em parar com tudo. Foi então, que algo muito forte e esquecido no âmago do meu ser se reacendeu, trazendo forças e recursos para eu continuar, mesmo que lentamente. Essa força sublime, chama-se FÉ. É ela que me faz continuar nessa corda, mesmo quando não acredito em nada mais. Mesmo quando todos os vendavais me atormentam e me fazem estremecer.
Para andar nessa corda, é necessário mais que alicerces, é necessário crer que a força divina está guiando o seu caminho, traçando-o de uma maneira essencial. De forma que você cresça e amadureça, entendendo que tudo contribui para o seu crescimento.
Mesmo que doa, mesmo que faça sofrer, tudo passa! O que fica apenas, é o conhecimento. Conhecimento valioso pra continuar seguindo em frente. Por isso continuo andando, tropeçando, caindo e levantando nessa enorme corda bamba que se chama VIDA.


Alessandra Rocha

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Duas crianças e uma bicicleta


Foram cinco minutos. Os cinco minutos mais constrangedores e alegres da minha vida.
Primeiro renunciei, mas logo me rendi ao seu pedido insistente de criança travessa.
Meus cabelos voavam e o vento fazia cócegas em meu rosto sonolento. Ele ria do meu medo e beijava o topo da minha cabeça. Tive vontade de abrir meus braços para contemplar aquela felicidade simples e momentânea, mas não ousei. Pensei que esse gesto faria de um momento alegre, um tombo desastroso.
Embora eu não tivesse aberto os braços, eu sentia a sensação eminente da liberdade em mim. E ele se divertia. Ria da minha insegurança e da vergonha que eu sentia por estar protagonizando aquela cena.
Ele não entendia que o motivo da minha vergonha era a falta de intimidade que eu tinha com a bicicleta. Acho que a última vez que andei em uma bicicleta, eu tinha em torno de dezesseis anos. Já a última vez que fui carregada no "cano" de uma, eu tinha uns dez.
Desaprendi a andar de "bike".Desaprendi, principalmente, como ser carregada por alguém em uma. Depois de onze anos me vi dando gargalhadas e morrendo de medo de uma simples bicicleta. Voltei a ser criança novamente e senti falta da minha tenra infância. 
Eu estava feliz, porque com ele, em questão de segundos, eu viajava entre a mulher e a menina que existia em mim. Só ele fazia isso comigo. Só com ele eu me sentia livre para ser o que eu quisesse. 
Eu sai de mim para admirar o momento. Fiquei de longe, observando encantada, as duas crianças conhecidas, brincando felizes com uma simples bicicleta.


(Alessandra Rocha)

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Sobre o que eu nunca contei


Hoje estive pensando e lembrei de muita coisa que ainda não te contei. Não contei, porque não convém contar. Não contei, porque são coisas que devem ficar guardadas comigo. Na minha memória. Em mim. Apenas em mim.
Não, não se assuste. Não há motivos para isso. Eu não matei ninguém. Não estou apaixonada por outro. E nem tenho segredos escondidos de ti. Quer dizer, tenho segredos sim. E são esses segredos que lhe entrego agora. São esses, os segredos que meu coração implorou para que minhas mãos compartilhassem com você. Por isso, peço que se imagine num lugar tranquilo, bonito e sem ninguém por perto. Quero que você se encontre em cada palavrinha colocada nesse espaço. Quero que você se concentre em cada vírgula que depositei aqui. E espero que você não perca nada. Nada que esteja escrito nas entrelinhas. 
Leia e entenda como os meus olhos te veem. Leia e sinta o que eu sinto quando estou contigo. Leia e sinta. Apenas sinta... 

Nunca contei que seus olhos brilham quando me encontram depois de uma semana de saudades;
Nunca contei o quanto respiro calmamente, quando estou ao seu lado, para que meu coração se aquiete em seu lugar;
Nunca contei o quanto sua generosidade me encanta;
Nunca contei dos sorrisos que meu coração dá quando você abre, cavalheiramente, a porta do carro para mim. (Achei que esse gesto se perderia no tempo, mas me enganei.) 
Nunca contei que você tem manias mais bonitinhas do que as que eu já te contei;
Nunca contei que admiro o seu romantismo;
Nunca contei que depois de te conhecer, passei a coexistir entre o céu e a terra; 
Nunca contei que acho incrível quando nos olhamos em silêncio e entendemos o que o silêncio diz;
Nunca contei do tremorzinho que sinto em meu corpo quando você se aproxima;
Nunca contei sobre a mania que tenho de pensar em você toda noite antes de dormir;
Nunca contei sobre a falta que você me faz em certos momentos;
Nunca contei que achei a coisa mais linda do mundo ver você escolhendo o nome dos nossos (futuros) filhos;
Nunca contei que a ponta do seu nariz gelado em meu pescoço me faz sorrir;
Nunca contei que eu posso resistir a um beijo, mas que nunca vou saber resistir a um abraço seu;
Nunca contei que sinto uma paz enorme quando você diz que sua mãe me ama;
Nunca contei que eu fico bem só de ouvir a sua respiração do outro lado da linha;
Nunca contei meu coração chora de emoção a cada "Eu te amo" proferido por ti;
Nunca contei que o seu silêncio as vezes me intriga;
Nunca contei que esse mesmo silêncio me acalma;
Nunca contei que açaí, Bis, mar, gola em "V", Roupa Nova (banda), video-game, Portinari (perfume), Chico Bento (da Turma da Mônica), pôr-do-sol e futebol me lembram você.
Nunca contei que te acho o melhor amigo do mundo;
Nunca contei que já senti ciúme do seu passado;
Nunca contei que os seus conselhos me fascinam;
Nunca contei que seu sorriso é meu alento;
Nunca contei sobre a saudade que eu senti de ti, antes mesmo de você chegar.
Nunca te contei tanta coisa...
Inclusive, nunca contei que amo quando você brinca de ser menino. 
Nunca contei, porque você não pode saber. Mas agora, já estou a contar.
E agora reze menino. Reze para que eu consiga me perdoar.


(Alessandra Rocha) 


terça-feira, 28 de agosto de 2012

Clarissa falando por mim

Sabe aquela pessoa que faz você ter vontade de ser melhor a cada minuto? Sabe aquela pessoa que faz você pensar ele-vale-qualquer-dorzinha-que-o-amor-causa? Sabe de quem falo agora? Então, pensa. Feche os olhos e pensa bem forte, até a imagem da pessoa surgir na sua mente. Pensa na pele, na expressão dos olhos, no dedão do pé, na espessura do fio de cabelo, na cor do sorriso, nas pintas, nos cílios. Pensa no impensável. Pensa naquilo que só você conhece, um jeito de rir (...). Eu aposto que seu coração se sentiu em casa, um velho conhecido daquela imagem que te faz tão bem. Porque quando a gente tem um sentimento forte por alguém, a gente se sente bem. 

Clarissa Corrêa


E na falta de palavras pra dizer tudo o que você me faz sentir, deixei que um autor falasse por mim. 
10 meses meu amor! Quem diria hein?
Feliz LeFran pra nós. 
Te amo imensamente. <3

(Alessandra Rocha)

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Um Abajur com amor


Alguns presentes têm grande significado.


Absorta em seus pensamentos, as lágrimas banhavam seu rosto enquanto ela olhava para seu novo abajur. Tantos pensamentos lhe rodeavam, tantos sorrisos saltavam-lhe dos lábios. Ela não entendia porque ria e chorava ao mesmo tempo. Ela só entendia o sentimento que havia por trás daquele objeto.

Fazia alguns meses que ela não dormia bem. Ela tinha insônia, pesadelos e noites conturbadas. Pra falar a verdade, ela não passava os dias bem e a noite parecia que tudo piorava.
E então, num gesto de cuidado, ele deu tudo o que ela precisava: um abajur.
Um abajur para ela ler seus livros e escrever seus textos enquanto o sono passeava. Um abajur para guia-la na escuridão, saciar sua sede e aquietar seu olhar.
Ele sabia que com o abajur ela não se sentiria tão só. Ele sabia que o abajur espantaria os fantasmas de seus sonhos. Ele sabia que o abajur traria de volta a paz que  esvaía aos poucos.
Ela ligava o abajur e sentia-o perto de si. E era esse o objetivo, lembra-la através do abajur que ele sempre está com ela (mesmo que em pensamento)


P.S: Obrigada príncipe, por me amar tanto assim. Foi o presente mais amável e inusitado que eu recebi.

Alessandra Rocha

Sobre as cartas que me enviara


Hoje enfim, criei coragem para arrumar a minha gaveta. Havia tanta coisa esquecida por lá. Tanta coisa esquecida por mim. Havia muita coisa do passado que não me cabe mais. 
Tinha aquela velha agenda cheia de mágoas. Tinha aquele caderno da faculdade cheio de nostalgia. Tinha também,  as suas cartas. Nem parece, mas trocamos muitas cartas. Fiz uma coleção de cartas suas.
Lembra daquela carta com colagens que eu te enviei e que você leu durante o trabalho? Você me disse em uma das cartas que as pessoas passavam olhando e se indagando sobre o que se tratava aquele papel tão colorido. Você ainda disse que nem se importou com a curiosidade alheia e eu achei graça. Na verdade, você sempre foi distinta das pessoas que eu conhecia. Você era imprevisível e minimalista, e eu gostava disso. 
A verdade é que eu chorei. SIM, chorei ao reler as cartas que me enviara. Chorei ao reler suas histórias de dores e traumas. Chorei ao relembrar as tantas dificuldades pela qual você passou. Chorei lendo sobre a falta que sentes de seu pai. Chorei com os conselhos que me dava. Chorei inclusive, de saudade sua. É, saudade menina. E você nem imagina o quanto dói essa saudade. 
Limpei as lágrimas e joguei algumas coisas fora. Pensei que um dia eu fosse capaz de jogar suas cartas também. Pensei que um dia cortaria esse laço de vez. Mas como cortar um laço que apenas desfez o nó? O nó que emendamos com tanto amor e carinho há alguns anos atrás. O nó que deixara o nosso laço firme e forte. 
Não tive coragem. Não me convém jogar fora o que um dia me fez tão feliz. Inclusive, não lhe joguei fora. Você ainda vive em meu coração. Ainda vive nas minhas lembranças, apesar de eu não saber o que nos levou a esse drama (que, diga-se de passagem, ainda não superei). Eu sofri por nós duas, eu chorei por nós duas, eu joguei meu orgulho fora pela amizade que construímos em três anos. Mas entendi que desfazer o laço era a SUA vontade, então respeitei. Embora respeitar, não signifique aceitar. 
Ainda sim, penso em você. Rezo para que você tenha arranjado emprego, para que sua sobrinha linda esteja bem e para que seu pai volte.
Rezo para que você se encontre e entenda o seu valor. Rezo para que a sua estrela brilhe e que você conquiste tudo o que sempre almejou. Ainda que você não esteja nem um pouco preocupada com a minha felicidade, eu me preocupo, e muito, com a sua. 
Sei que não me lerá e se me ler, sei que não fará diferença. Mas não escrevo pra você, escrevo para lembrar-me que se você pôde compartilhar da minha vida, você tem o direito de voltar e ficar (se quiser, claro). Talvez eu lhe mande uma carta ou lhe envie uma mensagem. Talvez eu diga o que eu disse aqui, ou apenas pergunte como está. Talvez eu lhe peça desculpas por ter deixado o nó se desfazer ou chore por isso. Talvez eu diga "Te quero bem, mesmo que longe de mim".


(Alessandra Rocha)

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Sofro

Eu sofro em silêncio. Talvez porque seja a única coisa que me resta. Talvez porque eu saiba os conselhos que me dariam. 
Eu sofro só. Talvez porque ninguém entenda a minha dor. Talvez porque a tratem como brincadeira.
Eu sofro por mim. Que não sei ser má. Que ainda não aprendi a viver nesse mundo de gente ruim.
Eu sofro por você que me lê. Porque eu sei que você não me entende. E se me entende, não sabe como está doendo aqui.
Eu sofro porque gosto. Eu sofro porque foi predestinado assim. 
Eu sofro porque sempre me encantei por dramas. Eu sofro pra saborear melhor as alegrias.
Eu sofro porque quero. Eu sofro porque é necessário. Ninguém disse que seria diferente.
Eu sofro porque não sou perfeita. Eu sofro porque nada me impede disso. 
Eu sofro porque hoje eu só queria um abraço e um colo pra chorar, mas não tenho nada disso.
Então eu sofro.

(Alessandra Rocha)

Preciso de um tempo

"Pra falar verdade, as vezes minto
Tentando ser metade do inteiro que eu sinto."
 O Teatro Mágico




Preciso de um tempo, meu bem. 
Não. Não preciso que você me dê um tempo, estou fazendo esse pedido a mim mesma. Preciso colar post-its com lembretes na memória.
Eu só preciso de um tempo. Preciso alinhar meus pensamentos (que andam muito desajustados). Preciso acalmar meus ânimos (que estão muito conturbados). Preciso reajustar minhas palavras (que saem sem muita coerência ultimamente).
Preciso de paz pra me refazer. Preciso de uma mão firme pra me segurar. Preciso de calma pra me reestruturar. Preciso de um abraço amigo pra me consolar. Preciso manter minha espinha ereta, minha cabeça sã e meu coração tranquilo, embora algumas situações não contribuam para isso.
Preciso de um tempo, meu bem.
Quanto tempo? Não sei ao certo. Mas não pense que te quero longe. Quero você do meu lado, porque você traz a paz que eu preciso. Com você, enlouquecer é permitido. Não te dou garantia da minha lucidez, porque nem mesmo sei se algum dia estive lúcida. Mas, ainda assim, preciso de um tempo.

(Alessandra Rocha)

terça-feira, 24 de julho de 2012

Escre(ver)





Comecei a escrever na infância, despretensiosamente. Me encantava o tão conhecido clichê "Era uma vez...", talvez por ter me acompanhado através de inúmeras historinhas infantis. Confesso que eu não gostava das aulas de português, porém, amava fazer redações. Um tanto contraditório, mas eu sabia que para escrever bem, eu teria que entender a gramática da Língua Portuguesa e foi por esse motivo que passei a levá-la  a sério. Através das redações, eu criava um mundo só meu. Eu criava, através da escrita, o mundo que existia em segredo dentro de Eu fui crescendo, "adolescendo" e levando comigo a  escrita  e a leitura como paixão irremediável. Sempre me expressei melhor através da escrita, nunca fui boa com palavras ditas, e talvez, por esse motivo é que eu gostava tanto de escrever cartas para parentes e amigos. Mas foi a partir de sentimentos, que eu jamais consegui expressar, que resolvi criar uma agenda (ou diário). Não se tratava de uma agenda comum, eu a utilizava como válvula de escape para tudo o que me afligia. O medo virava texto e a dor virava poema. Houve épocas em que eu acordava no meio da noite para anotar palavras ou frases que serviriam de inspiração para um futuro texto. Eu escrevia e gostava do que lia e foi por esse motivo que continuei.Sou uma aspiradora a escritora e sei que pra ser uma, ainda me falta muito. Não escrevo para ser reconhecida, embora espere reconhecimento. Não escrevo para me auto-afirmar, embora goste do jeito como a escrita me traduz. Eu me deixo levar pelas ondas limitadas de cada letra e me surpreendo com o que minha mente faz.
Eu escrevo para traduzir o que trago no olhar. Eu escrevo para mostrar o que guardo na alma. Eu escrevo para arquivar o que me vem a memória. Eu escrevo para dizer o que sente meu coração. 
Eu escrevo para sentir, para sentir-me e para ser sentida. 


E já que amanhã é Dia do Escritor, gostaria de agradecer a todos os escritores que falam por mim e que afagam a minha alma com textos tão lindos e marcantes. Eu poderia citar aqui vários escritores famosos e renomados, mas não seria justo. Ressalto aqui e deixo abaixo links de blogs que eu sigo e amo ler. Esses escritores me encantaram e conquistaram o meu amor <3

Na minha gaveta


Tenho na minha gaveta abraços não dados, beijos guardados, sorrisos perdidos, choros contidos e felicidade abortada.
Tenho na minha gaveta perguntas incompreendidas, respostas malditas, tristezas adquiridas, relações mal terminadas, histórias inacabadas e palavras nunca ditas.
Tenho na minha gaveta cartas não enviadas, agendas rabiscadas, bloquinhos de anotações, afeto recolhido, cartas recebidas, amor exacerbado, saudades infinita e livros para ler.
Tenho na minha gaveta presentes, contratos, homenagens, certificados, fotos e recados.
Tenho na minha gaveta lembranças recolhidas, lembranças a deriva, lembranças bem guardadas e quase esquecidas. 
Tenho na minha gaveta lembranças que me importam muito e algumas que não me importam mais. 
A minha gaveta transborda melancolia. Creio que já está na hora de fazer uma faxina.


(Alessandra Rocha)


quinta-feira, 5 de julho de 2012

Feliz é amar

Da série: Resgatando o passado (que ainda cabe no presente).
Texto escrito em 24/06/2011



Eu tenho uma facilidade enorme para gostar das pessoas e não me importo em saber se elas gostam de mim também. Mesmo não sendo recíproco, continuo gostando e admirando cada ser ao meu redor. Sou bem segura quanto a isso. Gosto simplesmente pelo prazer de gostar, admiro o talento, as atitudes e o caráter. Admiro a forma como cada uma dessas pessoas encaram a vida.
Não faço amizades interessada em status ou no que tal pessoa me proporcionará. Não amo alguém esperando ser amada na mesma medida e nem na mesma intensidade. Amar é doar-se, é depositar em alguém todo o seu melhor.É oferecer afeição, carinho, lealdade e atenção. Tudo que se faz de coração, recebe-se em troca, mesmo que a longo prazo. Acredito ser mais ou menos como a lei da ação e reação. Tudo que fazemos, reflete sobre nós, cabe apenas, a nós mesmos, fazer desse reflexo algo positivo e bom.
Não espero nunca, pois é sem esperar, que as coisas boas acontecem. Tudo nessa vida é magia e surpresa. Eu acredito nisso.
Eu vou gostando cada vez mais das pessoas, sem me importar com o que vão pensar ou dizer. Eu digo o que eu sinto, eu peço desculpas... Orgulho? Essa é uma palavra que não existe mais no meu dicionário. Já perdi tantas pessoas por causa do meu orgulho bobo. Sabe aquele medo, aquela vergonha de falar o que sente? Pura bobeira isso aí!
Quantas coisas e pessoas você perdeu por causa dele? Eu digo aos meus amigos e canso de falar para as pessoas: ''Se você der mais valor ao seu orgulho, no futuro só restarão você e ele.'' E não é verdade?

Hoje em dia, sou MUITO mais feliz. Deixei de chorar escondida por vergonha das lágrimas, sempre tenho um ombro amigo para me consolar. Deixei de esconder o medo de perder alguém que eu amo, por isso demonstro esse amor, mesmo quando esse alguém não merece. Deixei de esconder o que eu realmente sinto por alguém, sempre digo o que sinto sem me importar com a sua reação. A partir daí, meu futuro depende apenas da verdade do outro. Deixei de lado a vergonha de assumir meus erros, passei a pedir desculpas e comecei a fazer uma nova história com base na lição aprendida. Deixei de acreditar que eu sabia sobre a vida, hoje em dia, cada dia é um novo dia para aprender e entender que dessa vida eu nada sei. Deus me ensina a ser boa, paciente, calma, e principalmente a ser FELIZ. E quem não conhece esse caminho, perdido nessa vida ainda está. Então, diga o que sente, assuma seus erros, peça desculpas, perdoe também. A raiva, a dor e a tristeza só habitam o interior das pessoas que não têm a quem amar, que não sabem perdoar e que não dizem o que sente. A alegria convive apenas com quem descobre que não há nada mais lindo no mundo do que amar as pessoas sem nada pedir, sem nada cobrar. Eu amo assim. E sei que isso é ser feliz, apesar de ainda ter muito a aprender.

P.S: Texto empoeirado na minha gaveta que resgatei para dedicar a minha querida Daniela Lusa. Você é a pessoa mais doce e verdadeira que eu encontrei nesse mundo minha menina. <3

( Alessandra Rocha )

terça-feira, 26 de junho de 2012

Medo de ficar


Eles se amavam. Essa era a única certeza da vida deles. O resto era consequência.
A mãe dela não queria, o pai não aceitava. Os amigos dele diziam que não daria certo. As amigas falavam pra ela esquecer. Mas os dois continuavam, os dois acreditavam piamente que tudo daria certo. Eles estavam certos do que queriam.
- Você me ama? - perguntou ele temeroso.
- Amo muito e você sabe disso.- ela respondeu sem hesitar.
- Então, se você me ama, segure a minha mão e fuja comigo. Venha ganhar o mundo ao meu lado?
Ela sorriu, concordou lentamente com a cabeça e pegou a sua mão.
Ela havia acabado de completar 18 anos e queria começar faculdade de direito. Ele, um ex-presidiário, já estava há quatro meses em liberdade. Era compreensível a preocupação dos pais e dos amigos, mas os dois não conseguiriam viver longe um do outro. Era amor o que eles sentiam. E quem consegue deter a força do amor?
Ela sabia o risco que corria, mas lembrou que só se ama de verdade uma vez e que esse seria o risco mais lindo e nobre que ela poderia correr. 
Embora tivesse medo de partir, ela tinha mais medo de ficar (sem ele). 


(Alessandra Rocha)

sábado, 16 de junho de 2012

Sinta para entender


- Oi. Quanto tempo não? Já faz algum tempo que você não aparece. O que aconteceu hoje? Não havia ninguém além de mim para você visitar?


 Hoje eu acordei meio sei lá. Estava tudo chato, tudo estranho e meio sem cor. Minha paciência resolveu dar uma volta. Ela disse que seria uma volta de apenas 5 minutos, mas eu pude perceber que foi uma volta de mais ou menos duas horas. Ela me fez falta durante essas horas em que se ausentou. O sol estava quente e me irritava. A casa estava fria e me irritava. Na tv não passava nada de interessante. O chocolate na cômoda não parecia apetitoso. Aquela nostalgia do não entender a sua existência no mundo surgiu. Aquela inquietude de não encontrar um lugar para conseguir se aquietar apareceu. Aqueles pensamentos confusos e pesados começaram a me incomodar. Eu estava com aquela antiga irritação de viver. E então eu percebi: era dia dela me visitar. Aquela velha conhecida e companheira de momentos variados. Ela aparecia assim, sem hora marcada, a qualquer momento e em qualquer lugar.
- Então, hoje eu acordei assim. Sempre tem um dia né? Você sabe como é. Você acorda sem vontade de acordar e passa o dia inteiro tentando voltar a dormir mesmo sem sentir sono. Não sei por que isso acontece, mas sei que a culpa é sua. Tento entender porque você existe.
- Sim, sei bem como é. Sei exatamente como é porque sou eu a causadora disso, e posso dizer que você também é. Você precisa buscar no âmago do seu ser o que te deixou assim. Só assim eu conseguirei te ajudar.  Você tem que me sentir profundamente, sem questionar a minha presença. Sem pedir que eu vá embora. Eu só vou quando tiver cumprido a minha missão.
- Me aliviou muito saber que a causa desse descontentamento sou eu mesma. Fiquei muito feliz por saber que você aparece pra me ajudar. Mas na real, não é o que parece. Você deve estar confusa, apenas isso explica essa incoerência toda.  Na verdade, você deve estar com amnésia. Acho que você nem deve lembrar qual é o seu nome. Pergunto-me que missão é essa que você tem que cumprir.
- Menina, é claro que eu lembro o meu nome. Chamam-me de Tristeza, mas eu acho que não combino com esse nome. Veja bem, no dicionário a minha definição é: estado de quem sente insatisfação, mal-estar ou abatimento, por vezes sem razão aparente; melancolia, angústia, inquietação. Eu acredito que sou muito mais que isso. Eu venho pra transformar. Você não acha?
- Pois é Tristeza, a sua definição no dicionário está corretíssima e é exatamente assim que eu me sinto. Estou insatisfeita com nada e com tudo ao mesmo tempo, estou inquieta, abatida, angustiada, melancólica e tudo isso sem motivo algum. Simplesmente acordei assim. Agora me explique o que você veio transformar.
- Ok menina, você tem um pingo de razão. Mas me diga, o que você fez ontem?
- Pingo de razão? O que eu fiz ontem? É senhora Tristeza, você realmente não está bem...
- Ande menina, pare de dizer que não estou bem e me conte.
- Hum... Bem... Ontem eu acordei e tomei café da manhã. Tomei banho, fui ao centro da cidade comprar algumas bobagens e reencontrei alguns amigos. Conversei um pouco e depois fui pra casa. Tive um desentendimento com meus pais no meio da tarde e a noite machuquei meu dedo tentando arrumar o meu celular que quebrou. Antes de dormir discuti com a minha irmã e depois demorei pra pegar no sono. Lembro que a última vez que fui beber água, já passava das três da madrugada.
- Hum, explicado.  Ansiedade, saudade, mágoa, raiva, dor, estresse e cansaço. Pronto, acho que  já posso ir embora.  Fique bem menina. Até algum dia...
- Não Tristeza, espere, não terminei de falar...
Fiquei lembrando-me do dia anterior. Peguei minha agenda e marquei de combinar na próxima semana um encontro com aqueles velhos amigos. Resolvi pedir desculpas pela injustiça que cometi com meus pais. Lembrei que meu antigo celular ainda funcionava e que eu o adorava. Minha irmã me entregou um sonho de valsa e disse algo sobre uma banda de reggae ao deixar algumas coisas em cima da mesa. E depois de um cochilo no meio da tarde, nem lembrei que a senhora Tristeza tinha vindo me visitar. Ela cumpriu a sua missão.
Da próxima vez, vou adiantar o trabalho dela. Eu sei que ela gosta de mim e sempre que ela aparece, ela me faz algum bem. Só tenho que saber senti-la para entender o que é que ela quer me dizer.  
( Alessandra Rocha)

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Grande como a distância


 

A          d i s t â n c ia  é         GRANDE

e            insiste    em   me atormentar

Nasce uma  dor       conhecida

uma         i   q   i    t    d    no meu ser
                 n   u   e   u   e

Eu         fico   aqui      sozinha

procurando                   compreender

Porque   é   que   dói       tanto assim

Essa           saudade   de           você.



(Alessandra Rocha)






quinta-feira, 31 de maio de 2012

Dizer adeus


Desde muita pequena fui obrigada a dizer adeus. Aos 5 anos mudei de cidade. Mas não foi só a cidade que mudou. Mudou também a casa, o lugar, os parentes, os amigos. Tive que dizer adeus. E  então eu disse.
Mudei 4 vezes de casa e de escola ao longo do tempo. Fiz novos amigos e muitos outros perdi pelo caminho. Acho que os esqueci em algum lugar.
Tive que dizer adeus. E então eu disse. 

Disse adeus ao meu antigo peso, cabelo, comportamento, pensamento. Disse adeus a velhas manias e a mágoas que de nada valia.
Tive que dizer adeus. E com muito orgulho, eu disse. 

Há 2 anos atrás tive que dizer adeus a colegas de trabalho. Mas antes de dizer, eu deixei uma dedicatória com uma citação do filósofo Platão para cada uma das minhas meninas. Eu disse adeus, mas dessa vez, uma lembrança minha ficou.
Hoje digo adeus a outros colegas de trabalho. Digo adeus levando conhecimentos raros e lembranças de cada um na minha bagagem. Preciso dizer adeus, mas dessa vez não direi,  prefiro "até algum dia".

(Alessandra Rocha)

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Descobrincando


Aos 4 anos ela descobriu que podia voar. E voava. Voava como um pássaro. Voava como uma fada. Ela descobriu que podia ser o que quisesse. Ela descobriu que podia ser a princesa do conto de fadas que sua mãe lhe contava ou um astronauta que pousa na lua. Ela descobriu que podia viajar. Ela descobriu uma maneira de viajar sem pagar nada por isso. Ela descobriu o mundo da imaginação.
E a menina ficou feliz porque descobriu que sonhar não custa nada. 

(Alessandra Rocha)

Ela não queria amar





Estava frio. Era um dia frio e nublado. Ela não gostava quando o dia ficava assim. Para ela, todo dia nublado era triste e melancólico. Aquele não seria um dia bom - ela pensou.
Seu telefone tocou. Era ele com um tom firme e sério:

- Alô?
- Alô, preciso te ver hoje. Nós precisamos conversar.
- Nossa... Bom dia, eu estou bem obrigada, e você, como está?
Ele odiava ironia. Ela deveria se lembrar.
- Estou bem. Te encontro as onze na “nossa” praça. Ttutututu – ele desligou sem esperar resposta.

Ela sentiu pelo tom de voz que algo não estava bem. Ela pensou que aquele não seria m dia ruim, seria um dia péssimo. Ela sentiu medo: “O que será que ele quer me falar? Se ele escolheu pra falar na nossa praça, não pode ser coisa ruim. Vivemos tantos momentos lindos lá. Não seria justo.”

Onze horas e dois minutos. Ela aproximava-se lentamente, observando. Ele estava sentado no banco impaciente. Batia o pé no chão nervoso e preocupado.

- Oi. – ela disse trêmula.
- Oi. Sente-se. – ele disse dando um beijo seco em seu rosto.
- E então. O que de tão importante você tem que me falar a ponto de me ligar às oito horas da manhã?
- Hã... Bem... Já faz algum tempo que o nosso relacionamento anda abalado...
- Como assim abalado? Até ontem estava tudo bem.
- Não. Não estava tudo bem. Você sempre acha que está tudo bem. Você fechou os olhos para não ver muita coisa. Você não quis ver que o nosso relacionamento já não está mais como antes.

Isso explica os sumiços injustificados aos domingos. Os atrasos nos encontros. O descaso com as angústias dela. A falta de interesse pelas suas conquistas

- Sim. Eu assumo. Eu real mente havia percebido o seu desânimo no nosso namoro. Mas por te amar tanto, eu fingia não notar.
- Pois é. E esse é um dos motivos pelo qual eu quero terminar. Você me deixa fazer o que quiser. Você não confia em mim, mas diz sim pra tudo com medo d’eu terminar. Eu me pergunto onde anda a sua personalidade. Cadê o seu pulso firme de namorada? Eu te amei muito, mas sinto que você não soube me amar.
- É claro que eu soube. É claro que eu sei. Eu sempre fiz tudo o que você quis. Eu sempre disse tudo o que você queria ouvir. Eu sempre deixei você livre pra fazer o que quiser.
- Realmente. Você me deixou livre demais. Livre feito um passarinho que voou e não quer mais voltar. Amar não é fazer tudo o que o outro quer muito menos dizer tudo o que o outro quer ouvir. Isso se chama submissão e se eu quisesse um cachorrinho, já teria comprado num pet shop não acha?
- Mas porque você não me disse isso antes? Porque você deixou chegar a esse ponto?
- Olha só você de novo. Eu não tinha que te dizer o que fazer. Você que tinha que perceber através das minhas reações as suas ações. Ou vai me dizer que você nunca percebeu?  Se você me amasse, você perceberia cada gesto meu e questionaria a minha cara brava, o meu olhar de censura, a minha fala séria, o meu jeito seco. Mas até isso você fingia não notar. O que me deixa triste é que no começo você não era assim. Suas amigas que fizeram a sua cabeça. Tudo o que elas diziam era “lei” e quem era eu pra competir? Eu não tinha o que fazer.
- Não. Espera. Você não precisa terminar. Ainda temos uma chance. Eu prometo que vou mudar.
- Não. Agora é tarde. Sabe aquela sua colega do trabalho? Então. Já faz um mês que estamos juntos. Eu estou gostando dela de verdade. Estou terminando com você pra pedir ela em namoro. A nossa história chegou ao fim e eu só quero que você saiba que a culpa é sua.

A surpresa que ela teve, fez ela engolir suas palavras. O silêncio e as lágrimas falavam por ela agora. Ela ficou quieta, absorta em seus pensamentos. Nem percebeu quando ele disse adeus  deixando uma carta ao seu lado. O replay na sua memória serviu para que ela reconhecesse sua culpa. Quando ela voltou em si, percebeu a carta ao seu lado e ainda chorando, abriu e começou a ler.


Minha menina...


Não chore. Sinto muito ter dito tudo isso. Sei que foi difícil digerir essas palavras. Mas aposto que antes de ler essa carta, você reconheceu que a culpa foi sua. Acertei? Imagino também que você tenha imaginado que eu não terminaria com você nessa praça, cenário de todos os momentos lindos que passamos juntos. Mas sim, terminei. Terminei aqui e no futuro você entenderá que o que eu fiz foi para o seu bem.
Você lembra da nossa primeira briga? Lembra que foi por causa daquela sua amiga de infância? Aliás, 90% das nossas brigas foram por causa de alguma amiga sua. Você sempre as amou mais que a mim. Na verdade, você sempre amou elas e nunca a mim. Você não acreditou na gente. Você nunca fez planos comigo. Já eu, me imaginava casando e tendo filhos com você. Posso dizer que você tentou e foi por isso e por te amar tanto que ficamos esses 10 meses juntos. Mas agora acabou. Acabou porque suas amigas não te deixavam pensar sozinha. Acabou porque dos dois, eu sempre amei  mais. Acabou porque os nossos sonhos não eram os mesmos. Acabou porque você foi imatura e não soube me amar.

Um beijo. Fica bem e até qualquer dia.



Depois de ler a carta, ela secou as lágrimas, levantou, pegou seu celular e discou um número.

- Alô? Oi amiga, tudo bem? Tenho novidades, estou solteira. Chama as meninas porque hoje eu quero ir pra balada. 


É claro que ela sabia amar.

Ela só não estava pronta para amar naquele momento. Ela tinha apenas 17 anos.


Alessandra Rocha