quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Hygge - A felicidade nos pequenos momentos





Hygge é um termo que eu descobri há pouco tempo nas minhas andanças pelo pinterest e que tenho amado muito, porque traduz bem a minha forma de viver e de sentir a vida. 

Hygge é o termo utilizado para descrever o estilo de vida dos dinamarqueses e é praticamente o segredo da Dinamarca ser denominada como o país mais feliz do mundo. 
Esse termo surgiu de uma palavra norueguesa que significa "bem-estar", contudo, aderido pela Dinamarca há quase 3 séculos, ele se tornou muito mais do que isso. 
Assim como a saudade, palavra portuguesa que não tem tradução para outras línguas, o Hygge não pode ser explicado. Mas com poucos esforços ele pode ser sentido. 

Estar em casa, seja lendo um livro, vendo um filme no Netflix debaixo das cobertas, tomando uma xícara de capuccino, jogando, cozinhando ou festejando com familiares e amigos é praticar o hygge. 
Ele está diretamente ligado ao conforto, a simplicidade, ao sentimento de aconchego e tranquilidade. 
É ser generoso consigo mesmo e com as pessoas que amamos. É não se privar do que faz bem. 

Sempre fui uma pessoa muito caseira. Sempre preferi estar em casa com os amigos, a família ou lendo um bom livro, do que estar na balada. 
E hoje em dia, meu marido e eu gostamos muito de receber em casa, amigos e parentes para curtir bons momentos juntos. 
Nos distraímos com jogos de tabuleiros, com cantoria e violão, conversas até de madrugada saboreando comidinhas e bebidas, ou um delicioso vinho. 
Gostamos de simplicidade, de fazer a noite do fondue, a noite do cachorro quente, a noite do risoto ou a noite do pastel. Aproveitamos o churrasco na casa do pai pra juntar a galera e jogar Uno ou dar boas risadas com a brincadeira da mímica. Gostamos de comer bolo de cenoura com café vendo chuva de meteoro nas madrugadas. 
Gostamos de aproveitar um dia de chuva vendo nossas séries favoritas ou um dia de sol para tomar um açaí caprichado. 
Gostamos de saborear sorrisos e colecionar momentos. Gostamos de praticar o Hygge, mesmo antes de saber o que ele era. 
Porque vamos combinar, corações que se encantam com o simples são sempre os melhores pra se ter por perto. ♥️ 








Alessandra Rocha

sábado, 25 de março de 2017

Ninho

Escute enquanto lê




Feito andorinha, ela migrou do inverno - que se encontrava, sobretudo, em seu coração. Seguia em busca da felicidade que vem junto com a primavera.
Voando a esmo sem saber quando chegaria ao seu destino, carregava todas as feridas em sua bagagem. 
Ela renasceu, como as flores que sempre ganham uma nova vida após os rigores do inverno e embora estivesse rodeada por elas, ainda não aprendera a sentir o perfume que delas exalavam.
Essa menina, pequena como andorinha, não sentia muita coisa. Seu sentir era estranho, sem vida, quase anestesiado. E embora estivesse mais viva que outrora, não suportava o vazio que agora lhe fazia companhia.
O "nada" que fez morada dentro dela era muito mais doloroso do que a dor que sentira por tanto tempo. 
E ela se maravilhava transportando-se para o futuro em que encontrava o amor genuíno. 
Era incrível encontrar o seu lugar no mundo dentro do ninho que ela sempre sonhava em fazer morada. E esse ninho não estava tão longe dali, mas ela esbarrou no tempo que sempre foi o maior causador de desencontros da vida.
Ela nunca voou para muito longe de sua zona de conforto. Ela tinha medo de se deixar levar pelo vento do céu. Ela entendia os perigos do encantamento pelo infinito.
A primavera trouxe as flores e nesse tempo em que esteve só, o amor a encontrou. Ensinou-a como sentir o perfume das flores, fez-lhe companhia nos vôos e nos pousos e construiu com ela um lar de felicidade.
Eles voaram juntos e inventaram uma nova forma de sonhar, até que o inverno chegou, sinalizando que ela teria que migrar em busca da primavera outra vez. Contudo, dessa vez decidiu não partir. Andorinha que era, sabia que nenhuma tempestade seria o bastante para endurecer o sentimento que crescera com urgência. Dentro dela se fez uma certeza, ela gostaria de morar para sempre ali, ainda que tivesse que enfrentar os climas desconfortáveis de todas as estações. 
Ela encontrou nele o melhor lugar do mundo para viver: o seu coração.
A menina andorinha vive com o Senhor andorinho há 41 meses em um ninho, situado na Rua Dez de uma pequena cidadezinha do interior.
Essa andorinha é grata por ter encontrado seus braços para repousar depois de uma longa viagem.



Alessandra Rocha


quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Proteção...


Escute enquanto lê


Li uma vez em um livro que a marca mais frequente que as pessoas deixam em nós são cicatrizes, mas eu nunca pensei que você estaria incluso nessa estimativa. 
Essa ferida que se abriu em meu peito, ainda sangra e está longe de cicatrizar.
Então eu concluo agora: a única marca que você deixou em mim, foi uma ferida inflamada, dolorida e totalmente exposta. 

Você falou que esse é o caminho mais seguro. Que caminhar por ele é a forma mais fácil de ninguém se machucar. Mas você não percebe? Machucada eu estou agora, enquanto te vejo acenar o adeus que só cabe a Deus marcar. 
Depois de tanto tempo, quando eu realmente pude acreditar no amor, a vida me golpeou com chutes no estômago. Estou até agora tentando encontrar o ar. As lágrimas descem como nascente pelas maças do meu rosto. Não é fácil reaprender a respirar.

Proteção...

O câncer se colocou entre nós. Sabia que ele matou a mim, antes mesmo de conseguir matar você? Ele levou consigo as certezas que eu tinha de que dessa vez eu seria feliz. Mas não foi seu câncer que matou meus sonhos. Foi você. Você não acreditou em nós.
E ser feliz exige um tanto de acreditação. Não é a toa que felicidade, começa com "Fé".

Proteção... Sim. Seu eterno discurso.

As suas tentativas de me proteger do que que acontecerá no futuro são em vão. Já parou para pensar que você não pode me proteger da dor que eu sinto agora? 
Eu entendo. Sei que você está assustado. Sei que os tratamentos não são fáceis e que às vezes quem está ao redor, sofre mais do que o próprio portador da doença. 
Mas eu queria que você me quisesse ao seu lado. Eu queria fazer dos seus "últimos momentos" os mais felizes possíveis. Eu queria que você tivesse fé. Fé em você. Fé em mim. Fé no meu amor.
Eu quero tornar feliz, os seus dias sem esperança. Eu quero segurar a sua mão quando você achar que não vai mais aguentar. Eu quero te abraçar, quando, durante a noite, você não conseguir dormir. Eu quero transformar em infinito os seus pequenos dias marcados. 

Eu não quero prolongar a sua agonia, mas eu queria que você pudesse sentir o meu coração. Ele tem sangrado todos os dias, desde o nosso último dia juntos. 
EU SEI, EU SEI, a bendita PROTEÇÃO. Desculpa eu já estar gritando e chorando nesse momento, mas é que eu não consigo compreender, de nenhuma maneira, que proteção é essa que me priva de estar ao lado daquele que eu mais amo e que eu já amei em toda a minha vida. É impossível proteger aquilo que já foi penetrado. 
Sentimentos não podem ser controlados. Infelizmente, não existe um botão "liga/desliga' no meu sentir. E a única coisa que me curaria agora, seria saber que você me ama tanto, ao ponto de me desejar ao seu lado, ainda que amanhã ou depois, você se torne apenas um capítulo em minha vida. 


Eu te amei quando ainda era uma menina e você meu professor, e muitos anos depois, o universo (ou porque não Deus?) nos uniu. 
Porque ao invés de tentar me proteger, você não me deixa te amar? Eu sei que eu posso fazer isso. E eu te garanto, não haverá arrependimentos em mim. 
Deixe-me contar-lhe um segredo? 
Um dia, todos nós iremos morrer, sobretudo, morre um pouco a cada dia aquele que não descobre o que é amar. 



Texto inspirado na história de amor de uma leitora que não deseja ser identificada,
Obrigada pela confiança, A.L. 

"Falam que o tempo apaga tudo. Tempo não apaga, tempo adormece."
Raquel de Queiroz

Música: Speeding Cars - Walking on Cars

Alessandra Rocha 

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Deseja trocar de música?

Ouça enquanto lê





Ei menina, se você soubesse do meu bem-querer, talvez você tiraria esse iceberg do peito. 
Eu posso derretê-lo se você quiser. Apenas me diga sim.
Há quanto tempo estamos brincando de pic esconde? 
Há quanto tempo começamos esse jogo de indiferença?
Eu quero ser o calor quando você for o frio. Eu quero ser calmaria quando tudo em você for tempestade.
Eu te puxo pra dançar e você não encaixa seu corpo ao meu. Será que você tem medo?
Deite seus olhos sobre os meus. Não desvie seu olhar de mim.
Me permita que eu te guie nessa dança. Afinal, há quantos anos estamos dançando a mesma música? (Deseja trocá-la?)
Se eu me calo é porque você não compreende o meu sentir. Se eu me afasto é pra você não se cansar de mim. 
Não sei se a menininha descolada vai querer um nerd como eu.
Me pergunto se não sou pouco para tudo o que você sonha em ter?
Venha. Aproxime-se. Deixe-me dizer o que me faz continuar aqui.
Se você não desviasse tanto os seus olhos dos meus, eu não teria que falar tanto.
Meus olhos dizem tudo o que meu coração tem medo de dizer. Você ainda não aprendeu a lê-lo?
Me diga então você, o que é que eu não entendo? 
Me explique porque nos repelimos tanto, se a vontade é de estar cada vez mais perto?
Garota, eu quero o seu amor pra mim. Mas você sabe, eu sou complicado demais pra dizê-lo em voz alta.
Eu temo ser patético entregando meu coração sem garantias de que ele terá um lar.
Seria demais pedir que você me dê o seu coração também?
Venha menina, me mostre o que eu já não posso ver.
Estou tentando te conduzir há muito tempo em uma dança que não faz muito sentido pra mim, mas eu tenho me esforçado pra continuar, já que a música é um mero um detalhe, quando eu tenho em meus braços um universo lindo por inteiro para admirar.



Música: Shape of you - Ed Sheehan

Alessandra Rocha