quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Debaixo d'água


Estou em crise. E não se trata de uma simples crise existencial. É uma crise de palavras. Faltam-me palavras pra descrever o que acontece comigo.
Um furacão bagunçou tudo aqui dentro. Estou tentando me reorganizar. Preciso arrumar o caos que ficou dentro de mim.

Interrogo meus sentimentos e eles me exclamam surpresos. Sobram reticências e falta um ponto final.
Apoio a cabeça em meus braços, choro sal, deságuo um mar e não encontro solução. Dissolvo-me na água que escorre dos meus olhos. Estou ausente de mim. Sou toda ausência há quase dois dias. Não me reconheço mais. 
O silêncio encontrou seu refúgio. O silêncio instalou-se em mim. 
Tudo é silêncio. Estou padecendo por não ter o que dizer. 
Padeço de verborragia interna. Machuco-me ao pensar e sofro (in)quieta.
Minha mente dança ao som das palavras que não querem sair. 
Deve ser esse o motivo de tanta dor.    



(Alessandra Rocha)

sábado, 17 de novembro de 2012

CalMa(r)

 "Ela voou para longe e sonhou com o para-para-paraíso"
Coldplay - Paradise



Ela jamais imaginou existir praias sem ondas e foi por esse motivo que ela se apaixonou por São Sebastião (litoral norte de SP). A água era cristalina e ela conseguia ver nitidamente o seus pés tocando o solo. A água era morna e o sol era ameno. As montanhas misteriosas chamavam-na para uma aventura.
Ela se jogou no mar. Mergulhou em si. E em poucos minutos, já tinha se tornado íntima daquele mar tão singular. Não havia ondas, de fato, mas o mar balançava e a embalava docemente com suas ondulações. Ela enchia as mãos de água e jogava delicadamente em seu rosto. Ela sorria e girava lentamente de um lado para o outro dentro da água salgada. Absorta em seus pensamentos, ela dizia: "Foi pra cá que a minha (c)alma voou."  
O vento balançava seus cabelos e com ele, ia também seus pensamentos.
O balançar da água convidou a deitar. Ela deitou. Deitou-se como quem se deita em uma cama. Esticou as pernas, abriu os braços, fechou os olhos e começou a flutuar. Metade da cabeça estava imersa, apenas os olhos, o nariz e a boca estavam para fora do mar.
O mar a embalava e durante alguns minutos ela ficou a sonhar.
Ela se viu distante de tudo aquilo que a pertubava. Ela estava leve. Literalmente leve. O mar mostrava-lhe isso. Ali ela reencontrou a sua paz.
O mar balançava a menina e o vento dirigia seu percurso. Em pouco tempo, se encontrava longe da terra firme. O mar a levou. Levou-a para longe do caos que ela tinha dentro de si.


(Alessandra Rocha)