terça-feira, 24 de julho de 2012

Na minha gaveta


Tenho na minha gaveta abraços não dados, beijos guardados, sorrisos perdidos, choros contidos e felicidade abortada.
Tenho na minha gaveta perguntas incompreendidas, respostas malditas, tristezas adquiridas, relações mal terminadas, histórias inacabadas e palavras nunca ditas.
Tenho na minha gaveta cartas não enviadas, agendas rabiscadas, bloquinhos de anotações, afeto recolhido, cartas recebidas, amor exacerbado, saudades infinita e livros para ler.
Tenho na minha gaveta presentes, contratos, homenagens, certificados, fotos e recados.
Tenho na minha gaveta lembranças recolhidas, lembranças a deriva, lembranças bem guardadas e quase esquecidas. 
Tenho na minha gaveta lembranças que me importam muito e algumas que não me importam mais. 
A minha gaveta transborda melancolia. Creio que já está na hora de fazer uma faxina.


(Alessandra Rocha)


Um comentário:

  1. Minhas gavetas estão assim, também. Mas, sabe? Tranquei todas. Só as abro para tirar as lembranças boas de vez em quando, olhá-las por uns instantes e guardá-las novamente. Deixo tudo trancado. As ruins? Estão mais ao fundo da gaveta. É, ainda não tive coragem para jogar tudo fora. Dói ter de olhar para elas outra vez e sentir tudo de novo. Melhor esperar a dor passar de vez. Quando não me machucarem mais, tiro tudo e enterro, como já fiz outras vezes.

    Amo essa imagem, de guardar "lembranças na gaveta".

    Tão bom quando me vejo em palavras que não são minhas e são minhas, ao mesmo tempo.

    Beijos, menina linda minha.

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