Ele tem um jeito engraçado, é meio melodramático, bem expansivo, nada discreto. Amigo, companheiro, calmo e ás vezes irritadiço.
Parecia que tinha tudo para dar certo, eu e ele tínhamos muito em comum, muito a dividir, muito a descobrir um do outro e um com o outro. Ele me conquistou com seu jeito engraçado de ser, seu sorriso lindo, seu temperamento fora de comum, seu olho azul cristalino quase sincero, quase fácil de decifrar. Digo quase porque foram esses olhos que me enganaram, que me feriram. Eu havia acreditado em cada brilho dele, cada frase dita que ecoava em seu olhar.
Malditos olhos. Me fizeram acreditar em cada palavra, em cada sim.
Falsos olhos, malvados olhos. Foram eles que me fizeram amá-lo e eu amei, por longos anos. Mesmo depois de acabado, ainda eram com esses olhos que eu sonhava, aonde eu queria me encontrar, que me faziam esquecer qualquer ódio, qualquer raiva, qualquer mágoa.
E ele sabia desse poder. Ele utilizava esse poder. Ele abusava desse poder. Poder de encantamento talvez?!
Só sei que certo dia, quando passei, esperei pelo olhar e assim que o tive, fixei na arma maligna e consegui entender, que além de lindos e calmos, havia uma crueldade tamanha. Aquele olhar que engana, que esmaga com tanta força e ainda suplica por mais uma chance. Se eu pudesse fazer meu cérebro entender que aquilo era uma armadilha pronta para matar o que eu tinha de mais valioso ( um ♥), talvez eu conseguisse esquecer e passar uma borracha em tudo que um dia ameaçou a ser. Foi então que eu descobri um uma maneira, um único jeito: não olhar mais, não entrar mais naquele azul dilacerador. E foi o que fiz. Não olho mais, sequer sei qual foi a última vez que vi aqueles olhos. Sequer percebo quando ele se aproxima, se é que se aproxima.
Consegui a muito custo e depois de muito tempo esquecer, desapegar e tirar aqueles olhos de mim. Pois olhando para eles, é que vinha à tona tudo o que juntos vivemos (ou quase tudo).
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